Getúlio Vargas, político de grande prestígio e carisma na história do Brasil, desafia e torna bastante contraditória a construção da memória nacional. Mesmo com o desgaste de seu governo no período do regime ditatorial do Estado Novo, instituído pela constituição outorgada de 1937, passou para a História com a eterna alcunha de “pai dos pobres”. Em 1945, mesmo diante de todos os indícios de que o regime instaurado pela carta de 1937 era efetivamente uma ditadura, iniciou-se o movimento chamado  Queremismo, através do qual inúmeras pessoas clamavam pela permanência de Getúlio no governo com o slogan “Queremos Getúlio". Porém, mesmo com o apoio das massas, Vargas foi deposto do cargo de presidente em 1945. Com o fim do Estado Novo e o restabelecimento do regime democrático no Brasil, foi promulgada em 1946 a nova Constituição do país, que garantia o retorno das eleições diretas para os cargos de presidente, governadores e prefeitos. Apesar de ter sido deposto, Vargas contava com grande prestígio nacional. O candidato por ele apoiado – e que curiosamente foi a favor de sua deposição - seu ex-ministro da guerra, Eurico Gaspar Dutra, foi eleito como o 16 º presidente do Brasil. Nos anos que se seguiram Getúlio Vargas, mesmo no exílio, conseguiu angariar apoio político suficiente e se lançou candidato ao cargo de presidente nas eleições de 1950. Sua campanha, iniciada em agosto de 1950, contou com viagens de norte a sul do Brasil. A propaganda eleitoral de Vargas em sua caravana contou com 80 discursos. Em cada cidade por que passou as multidões o seguiram. Vargas obteve assim a vitória através de eleições diretas. Com a nova Constituição, votaram brasileiros e brasileiras acima dos 18 anos, com exceção dos analfabetos, ainda proibidos de votar. Desta vez, com uma vitória inquestionável, Getúlio Vargas obteve 48,73% (3.849.040) dos votos, Eduardo Gomes, 29,66% (2.342.384), e, Cristiano Machado, 9,71% (569.818).

Os discursos de Getúlio Vargas em cada uma das cidades por que passou foram fundamentais em sua campanha eleitoral. Tais discursos não eram fruto de improviso. Contaram com estudos de seu staff e permitiram que, em cada um deles, em cada cidade visitada, Vargas tratasse de assuntos específicos que importavam a população de cada local. Tal estratégia contribui para entendermos como a propaganda é importante em campanhas eleitorais. Através destes estudos, Vargas era informado sobre a situação específica de cada estado e cidade brasileira, sabendo os interesses da cada região e de sua população. Seus discursos o aproximavam, desta forma, da população de cada localidade. Além de seu aspecto eleitoral, tais estudos permitiam compreender da situação do Brasil naquele momento. Para além dos discursos, cartazes e panfletos, elementos importantíssimos em campanhas eleitorais, foram amplamente utilizados na campanha de 1950. Além destes, materiais clássicos para divulgação de candidatos e seus projetos políticos, temos os jingles de campanha, formato de propaganda musical, pedindo o voto da população. Na Era do Rádio, momento no qual a candidatura de Vargas é lançada, tal formato alcançava de maneira bastante ampla a população brasileira. O custo de uma campanha eleitoral, como observamos atualmente, é motivo de destaque em qualquer contexto histórico no Brasil. No caso da campanha presidencial de Vargas, por exemplo, observamos inúmeras viagens de avião, algo extremamente caro e inacessível para a maior parte da população brasileira à época.

A vitória de Getúlio Vargas nas eleições de 1950 foi bastante comemorado por seus apoiadores, inspirados pela trajetória política de Vargas de ex-presidente deposto a presidente eleito pela via direta, apenas cinco anos após sua deposição.